Azenha, Maria / Escritor
Absurdo é uma palavra de origem latina que procede do termo absurdus, que é a junção das palavras ad e surdus, na qual a primeira significa afastamento, afastamento no tempo e no espaço, e já a segunda relaciona-se com o ouvido, fora do que comumente se ouve.
Escreve Walter Franco:
o
ab
surdo
não
h
ouve
Em O livro do absurdo, o criador, representado inúmeras vezes pelo Homem do Absurdo, faz o escândalo de uma sociedade. Ele tem uma forma própria de a manifestar. Forma que não coincide com a forma dominante da sociedade em que vive perante a qual é um estranho.
Não é fácil descrever os homens e o mundo e ao mesmo tempo conviver com eles.
Ele não é indiferente ao sofrimento, às injustiças, e aos mecanismos que escravizam o ser humano, tornando a Criação uma necessidade, embora saiba que só mergulhando no Absurdo a (re)vela.
A arte pela arte, o divertimento de um artista solitário, seria uma arte artificial de uma sociedade fictícia e abstrata. O seu resultado lógico seria a arte dos salões ou a arte puramente formal cheia de preciosidades e abstrações e que acabaria pela destruição de toda realidade, diz Camus.
O livro do absurdo é um poemário que usa a linguagem ordinária com o intuito de ultrapassar a própria linguagem e recorrendo a uma escrita irracional, sabendo que o absurdo não se situa nem no homem nem no mundo mas na relação de confronto entre ambos.
Se o consegue ou não, só o leitor o dirá.
Advirta-se:
Este poemário brinca ao absurdo com o gato de Schrödinger.
Alexandra Kräft