Fmeni
-5%

Fmeni

Abuín, Roberto / Escritor

13,00 €
12,35 €
IVA incluido
Editorial:
Editora Urutau
Año de edición:
2023
Materia
Literatura-poesía
ISBN:
978-65-5900-499-7
Páginas:
52
Idioma:
Gallego
Encuadernación:
Rústica
Alto:
195mm
Ancho:
140mm
13,00 €
12,35 €
IVA incluido
Añadir a favoritos

Dos beizos incriblemente abertos da flor

O poema esperta na rosa. Dá brazadas no aire. Corre no soño do idioma. Estira a memoria nocturna da lingua, rompe, curva a auga contra a pedra. É de ninguén. Entre as palabras, o raio do día, o poema abre os ollos na ría, o mínimo para que o sol poida entrar. Perla, tensa cada letra no canto. Liba, non produce o mel. Murmura, pregunta, suplica. Na cesura, no encabalgamento, unha síncope, un espasmo. Este libro é unha flor que se abre. Abrirse é o seu interior.

De onde vén este nome, FME¯NI, esta luz que pestanexa? Conta Roberto, mentres o sol baixa dende a banda de Rianxo, que, xa repousado o libro, lembrou un soño, o soño co que Sócrates quixo acalmar a Critón ante a inminencia da morte asumida: “que chegues á fértil Ftía o terceiro día”, dicíalle unha bela muller de branco pouco antes de espertar na compaña do amigo. A semellanza entre os nomes, traída á conversa como coincidencia, nada máis que afastada resonancia, quixo, porén, ficar nestas liñas. Non é esa permanencia do máis amado o que a lingua balbuce, sen sabermos se promete ou recorda?

Aliquid FME¯NI erit. Con todo, aquí o profético non encamiña un sentido. O que se anuncia está baixo da pedra que dorme na praia, nos corgos do oeste extremo, na suavidade do ópalo, na excitación da seimeira, en cada atómica fulguración da materia, no reflexo cristalino das garzas, na finitude ondulante da lagoa. O sol novo só sabe nacer, prender íncipit para continua fuga, e así pasa esta lingua por quen a escribe e por quen se lle dá a ler, así cruza o ceo e arde en formas sen reservar recurso.

Será ese silencio primordial do que nos fala o poema a voz que se quebra na lectura? Será a mudez o golpe teimoso para que a lingua recorde, para que aprenda a morrer? E así, nela, despregados, brillen os corpos, como brilla o incendio da letra na noite deste libro. Xa non sentido, dedicatoria, o mundo enteiro enfiado nos ollos do que dándose desaparece. Estase disposta, di o texto, e está disposta a palabra ao movemento cego da forma, ao que nega por un si pequeno, imperceptible, intermitente. No bordo da lingua, no límite do longo corpo común, onde chegamos espidas de dor, onde a curva fértil fai escuma, escóitase o que resiste.

Nieves Neira

Artículos relacionados

  • Merdas do amor
    Rodrigues, Paulo / Escritor
    Conheço o autor há muito tempo. Não fosse ele meu pai há 20 anos. As piadas sempre lhe foram inatas e sempre fizeram parte da nossa relação, especialmente as “piadas secas”. O meu pai é super talentoso, disso não há dúvidas, desde ter-se autoensinado a tocar guitarra até a escrever textos com uma destreza impressionante.Mas nunca pensei que a sua maior paixão algum dia pudesse ...
    En stock

    13,00 €12,35 €

  • Boleslaw Lesmian. Antología Poética
    López Kornacka, Agata / Escritor
    Dad rienda suelta a vuestra imaginación para recoger todos los símbolos escondidos entre líneas, pero no intentéis entenderlos bajo ningún concepto y no busquéis su significado en los diccionarios.Si lo hacéis, lo símbolos se cerrarán en banda y ya no podrán deciros quién sois. Dejaros llevar por la métrica de los poémas, por la (ir)regularidad de las rimas, fluid con las olas ...
    En stock

    14,00 €13,30 €

  • O jardim onde os poemas murcham
    Alves Cardoso, Rosário / Escritor
    Um jardim é um lugar. E um lugar é o onde-quando em que o tempo e o espaço se cruzam para fazer-se hábito. Mas o hábito — o fazer-se significado até do absurdo — não é algo que permaneça, que se essencialize ou que se transcenda. O hábito, num lugar, é o que persiste na transformação.O jardim de Rosário Alves Cardoso é um lugar em que o hábito se faz no entre: num espaço e num ...
    En stock

    13,00 €12,35 €

  • A observadora de pássaros
    Bartilotti, Francisca / Escritor
    Esta observadora de pássaros é uma observadora de passagens e, inevitavelmente, de memórias, que surgem, muitas vezes, sob forma narrativa, ao criá-las em histórias, esses meios, tão antigos como as fogueiras, de construção de comunidade.Raquel Luís ...
    En stock

    14,00 €13,30 €

  • Um dia serei humano
    Cardoso Vilhena, João / Escritor
    Por aqui começa então a poesia de João Vilhena, esta é a ponta do icebergue que se esteve formando há tantos anos, em tantas cristalizações subterrâneas e invisíveis. E, se não é tarefa fácil para mim a de segurar esta garrafa de champanhe gelada com que o quero brindar, é precisa muita coragem para lançar esse barco num mar cheio de portentos e potenciais titanics.Quem é então...
    En stock

    13,00 €12,35 €

  • Mergulhar na pele, desoxidar a língua
    Peccini, Julia / Escritor
    Mergulhar na pele, desoxidar a língua é entender a pele enquanto mistério maior da existência. É a celebração do verbo pelar, enquanto presenciamos uma dissecação detalhada das várias camadas dessa cobertura pelas mãos da autora de forma robusta e delicadamente num poro só! Essa pele-ritmo, pele-diário, pele-casa, pele-eu, pele-você, pele-nós, pele-confronto, pele-transformação...
    En stock

    13,00 €12,35 €