O jardim onde os poemas murcham
-5%

O jardim onde os poemas murcham

Alves Cardoso, Rosário / Escritor

13,00 €
12,35 €
IVA incluido
Editorial:
Editora Urutau
Año de edición:
2024
Materia
Literatura-poesía
ISBN:
978-65-5900-670-0
Páginas:
104
Idioma:
Portugués
Encuadernación:
Rústica
Alto:
165mm
Ancho:
130mm
13,00 €
12,35 €
IVA incluido
Añadir a favoritos

Um jardim é um lugar. E um lugar é o onde-quando em que o tempo e o espaço se cruzam para fazer-se hábito. Mas o hábito — o fazer-se significado até do absurdo — não é algo que permaneça, que se essencialize ou que se transcenda. O hábito, num lugar, é o que persiste na transformação.
O jardim de Rosário Alves Cardoso é um lugar em que o hábito se faz no entre: num espaço e num tempo amplos e demorados, onde as coisas fervilham, levitando, entre uma e outra coisa. “Por isso pairas,/Bem longe do que és/E não és balão sequer.”
O entre, esta distância entre as coisas contrárias, é uma casa. E habitá-la não parece fácil. “Entrem. Fiquem. Bem-vindos ao jardim”, somos assim convidados, talvez por alguém que amanheceu estátua e cuja existência é apenas sinalizada por “pontas de cigarros intermitentes”. Entrar, poderíamos dizer, é estar no entre. Este não é um convite fácil. Mas entramos. E encontramos então poemas murchando, um pouco por todo o lado.
O que será isto de poemas que murcham? Imagino então palavras que levitam — como algo entre um grito e um suspiro, entre o dado e o indizível — e que depois caem na terra húmida, virando húmus. Os poemas murchos são linguagem que habita o entre: o crepúsculo entre a noite e o dia, o cruzamento entre a vida e a morte, a ponte entre a vigília e o sonho, o “cheio vazio” e o “vazio cheio” entre o tudo e o nada, o “imprevisto cósmico” entre o absurdo e o dogma e a “ausência da comunhão do todo” entre o ego e o comum.
No Jardim onde os poemas murcham a poesia é matéria viva e morta, onde as coisas se encontram e se misturam. Os poetas são “necrófagos da experiência humana” e do mundo. E os leitores são “abutres que se alimentam do poeta morto”.
“Escavo e escrevo até o coração bater apenas/Pelas cordas tendinosas que o sustentam./Sou só ridículo/E gosto da audiência desta morte transmitida”.
Entramos. E a meio das estátuas, das flores várias, da areia e deste húmus, descobrimos que o jardim do entre é também o lugar da alteridade. E que este lugar se pode habitar de várias formas. Com indiferença, soberba e sarcasmo. Ou com empatia — esse gesto que se deleita no esforço do impossível. Rosário Alves Cardoso parece conhecê-las a todas e parece ter escolhido a sua.
“Ninguém chorou por ti,/Nem pegou na tua mão cerrada./Dormiste até adormecer.//Não te sou ninguém./Mas chorei por ti.//Amanhã há mais”

Miguel Oliva Teles

Artículos relacionados

  • Entardece
    Martínez-Conde, Ricardo / Escritor
    A lúa pensaque todo ser amadonaceu coa noiteO mariñeiro,un camiño por facer.Lene brumaA néboa chegoue agranda o murmurio;logo esvaeráSempre deitabaesperando a marea.cerca dos soños ...
    En stock

    12,60 €11,97 €

  • La flor invisible
    Esteban de la Fuente, Ricardo / Escritor
    El cero o el infinito aparecen en este poemariosumergiéndonos en el sonido indescifrable del alma,donde la flor invisible transparenta sus secretosexhalando el aroma de su pequeño universo.Los pétalos se abren, los párpados se cierran,la aurora del poema inicia quedamente su vozexpandiendo su fulgor en silencio...Solo queda el misterio del amorcomo una llama en el aire,desnudan...
    En stock

    12,95 €12,30 €

  • Águas para te beber amor
    Arziki, Lolo / Escritor
    Quer comer chocolate, mas abomina o açúcar, assim dizem que quanto mais preto melhor. Quanto mais preto mais amargo, difícil de digerir, mas é instigante o desconforto que causa, comem suavemente na tentativa de aliviar a dureza. O de leite não é saudável, muito doce, misturamos o amargo do chocolate com café e assim satisfazemos o nosso vício, preto no preto, sólido no líquido...
    En stock

    13,00 €12,35 €

  • Sutura
    Osorio, Manuel / Escritor
    Sutura es un poemario que explora las heridas que laten bajo la superficie de lo cotidiano. A través de imágenes evocadoras —un tren que se desvanece en polvo, un poeta-cadáver con ojos vivos, islas de identidad dispersas—, este libro invita a reflexionar sobre cómo coser el desgarro entre lo real y lo imaginario.No es una cura, sino un mapa de cicatrices: cada verso, como hilo...
    En stock

    12,95 €12,30 €

  • El arcón de mis secretos
    Campo, Josefina / Escritor
    En nuestro más profundo ser, todos tenemos un lugar, un espacio, un cajón, un armario, una habitación, un trastero, un arcón, una carpeta... donde guardamos, en muchas ocasiones, trastos inservibles e inútiles con el paso del tiempo, cachivaches de todo tipo que pusimos a buen recaudo en un “por si acaso”, recuerdos entrañables que, después se nos han ido olvidando o, por el co...
    En stock

    12,95 €12,30 €

  • Versos del todo y la nada (2 vols.)
    Lorenzo, Ana Maria / Escritor
    En la esencia de los versos que nacen del todo y la nada, encontramos un susurro eterno que reverbera en la conciencia humana. El "todo" representa el vasto universo y su infinita complejidad, una totalidad en la que cada elemento forma parte de un engranaje mayor, pero cuya magnitud escapa a la comprensión absoluta. Es el ser, la creación, el movimiento y la interconexión. Es ...
    En stock

    22,95 €21,80 €