George, João Pedro / Escritor
Wiriamu. Descolonização. Compensações. Alcindo Monteiro. Integração. Racismo.
Analisar o Portugal pós-colonial é urgente, e João Pedro George entregou-se sem medos a essa missão.
Entre 1974 e 1981, Portugal acolheu e integrou cerca de setecentas mil pessoas chegadas dos antigos territórios ultramarinos portugueses no continente africano: Angola, Moçambique, Guiné, Cabo Verde, São Tomé e PrÃncipe.
Numa época como aquela, polÃtica, social e economicamente instável, o extraordinário afluxo destes retornados, como ficariam conhecidos, gerou uma enorme hostilidade em grande parte da população metropolitana, que se apressou a rotulá-los de imperialistas, racistas, colonialistas e reacionários. Muitos dos que regressavam à Metrópole, por sua vez, assumiram-se como crÃticos encarniçados da descolonização, um discurso que encontrou algum eco - um perigoso eco - em algumas forças polÃticas extremistas ou radicais, de pendor nacionalista e fascista.
Os efeitos sociais e polÃticos deste súbito acréscimo populacional de 10% tiveram um impacto profundo nas estruturas institucionais do paÃs e na consolidação da sua jovem democracia. Em O Império à s Costas, João Pedro George relaciona e explora as diferentes vertentes da descolonização portuguesa, para assim demonstrar, por um lado, que a integração dos retornados foi um dos processos que mais influenciou a atual configuração da sociedade portuguesa, e, por outro, que a herança do colonialismo continua, ainda hoje, a fazer-se sentir na vida cultural, social e polÃtica do paÃs.