Marques, Eliane / Escritor
Forjada no terreno avermelhado pelo sangue das vacas, na fronteira entre o Brasil e o Uruguai, onde, como num armário de louças, se confundem tiranos e subalternos, negros e brancos, esta história começa com a morte da tia Eluma, uma empregada doméstica numa cidade chamada Ana.
Quem responde por essa morte? Quem irá pagar o velório dessa mulher do povo?
Tendo a vida (e a morte) de tia Eluma como ponto de partida, a narradora puxa o fio que se estende à sua primeira antepassada conhecida da linha materna, passando por outras parentes suas que, para ali chegarem, limparam os pés nas pedras dos arroios e lavaram a roupa suja dos brancos.
Entre os pontos altos deste Louças de FamÃlia, que usa pratos, chávenas, taças, tijelas ou meros cacos como marcas da memória familiar e das passagens geracionais, está a própria linguagem da autora Eliane Marques, que mistura português, espanhol e iorubá numa avassaladora e densa dicção literária.